Dica de quadrinhos: O Clic: A Rendição do Sexo (+18)
Você conhece “O Click”?
Se você lembrou daquele filminho em que Adam Sandler faz besteira com um controle remoto mágico, pensou errado.
Estamos falando de um dos clássicos dos quadrinhos eróticos criado pelo italiano Milo Manara.

Cláudia Christiani mortificou sua libido.
Jovem e sexy, ela vive como uma mulher mais velha o lado do marido, um advogado hipócrita e conservador. Um conhecido, o Doutor Fez, que sempre a circundou como um urubu, sempre disse que ela devi mudar de atitude e após tantas recusas de uma mulher que o vê como uma criatura repulsiva, ele dá um jeito dela “se soltar”.
O fetichista rouba o projeto de um controle remoto capaz de controlar a intensidade do desejo de um ser humano. No caso, a deliciosa senhora Christiani, que passa a ter explosões libidinosas.
Independente de onde esteja, quando o botão é virado, ela precisa saciada, não importa como.
Publicada em 1983 na revista adulta italiana Playmen, IL Gioco, só ganhou fama quando foi rebatizado pela Francesa L’Écho des Savanes. Nascia Déclic, que desde a primeira publicação por aqui, em meados dos anos 80, conhecemos como “Click” ou “O Click”!

O corno manso e o final feliz:
Aléardo, o marido de Cláudia é um corno manso. Ele não só tentou negar o problema como o aceitou por ser causado por algo externo. Ele só repreendeu a Santa Cláudia no final, quando descobriu que em muitas situações era o desejo de sua esposa que urrava.
Isso na primeira história, quando ficou entendido que o Click era um embuste, que não funcionava, o que foi corrigido nas edições seguintes.
Sim, sua libido reprimida era gigantesca, entretanto, de uma forma ou de outra o aparelho precisava fazer efeito ou não haveria continuações.
As continuações:

Talvez você só conheça Milo Manara pelas polêmicas capas de super-heróis ou pelo especial Garotas em Perigo dos X-Men, mas pelo que algumas de suas obras dão a entender, ele parece ser o tipo que tem os livros de Jack Kerouak e Carlos Castañeda na cabeceira.
O Click! 2 e 3 são bem isso. As histórias foram centradas na garota do Click e suas aventuras selvagens. Cláudia, que passa a trabalhar na TV, passa a viajar fazendo reportagens.
No segundo, Aléardo até aparece, mas sem grandes ligações com a protagonista, tanto que ela é punida com cintadas por um tio que até aquele momento sequer tinha sido citado. Aléardo e o Dr. Fez ele só reaparecem no quarto álbum, que devolve os personagens ao status quo do primeiro.
Só um pouquinho errado:

Mais do que erótico, Click é um quadrinho fetichista.
A HQ mostra cenas de Voyerismo, sexo grupal, Zoofilia e aquela situação em que Cláudia quase faz sexo com uma criança. E ainda tem aquelas câmeras que além de lembrar aquelas bolinhas de pompoarismo, ainda são introduzidas em um de seus orifícios de forma bem semelhante.
Mas vivíamos num mundo diferente, né?
Uma crítica social?
O Click é uma aventura erótica temperada com altas doses de crítica social. Um bom exemplo disso é a dualidade da Cláudia, que vivia a vida estéril e fria da aristocrata até o momento em que o aparelho transformou sua vida numa vergonha pecaminosa que precisa ser escondida ou ignorada.
No quarto Álbum, ela é controlada por Angelina Boralevi, uma modelo de moral duvidosa que pretende usá-la para desacreditar o marido, que finalmente descobrimos, é um advogado famoso que está defendendo a empresa criminosa que cegou seu pai.
Preciso dizer que as duas são moralmente opostas?
A arte…
Preciso dizer que a arte de Manara é primorosa?
O traço simples, porém extremamente detalhado do italiano cria belas cenas e paisagens. E tem as mulheres. Ah, as mulheres…

No Brasil:
O Clic: A Rendição do Sexo chegou por aqui em 1988 e fez parte da coleção Opera Gráfica da editora Martins Fontes, que em 1991, levou a história para Portugal.
Entre 2006 e 2009, a editora Conrad publicou os quatro álbuns da série e em 2010 nos presenteou com uma edição de mais de 200 páginas coloridas que continham todas as edições.
Adaptações:
O Clic foi base para um filme francês de 1985, chamado Le déclic, dirigido por Jean-Louis Richard, com Florence Guérin e Jean-Pierre Kalfon nos papéis principais.
Uma série americana também surgiu em 2001 pela Alain Siritzky Productions, chamado “The Click”, estrelado por John Lazar no papel de Dr. Fez e Gabriella Hall e Jacqueline Lovell em papéis frequentes na série. Esta série tem também a vantagem de conter cenas eróticas em 3-D rotativa. É composto de sete episódios de 90 minutos cada.
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