Don Juan de Marco
Até que ponto a realidade é sempre mais interessante do que a fantasia?

Em Don Juan de Marco, Johny Depp é John Arnold DeMarco, um jovem de 21 anos que aós uma série de traumas, decide se asilar em sua própria realidade, tornando-se o icônico amante.
Quando ele supostamente tenta se matar, os destinos dele e do psiquiatra Jack Mickler (Marlon Brando) se cruzam pela primeira vez.
Jack, que vinha questionando o vazio de sua vida, fica suscetível a forma colorida como seu paciente vê o mundo, o que aos poucos vai mudando (para o bem) seu relacionamento com sua esposa Marilyn.
Um bom contágio:
A grande verdade sobre Don Juan de Marco é que ele vive num mundo de fantasia, mas além de ser mais feliz assim, por onde ele passa, deixa todos felizes. É como um vírus que contagia a todos que ele tem contato.
Um vírus do bem, se é que existe algo assim.

Traumas, erros de paralaxe e uma forma de fugir da dor.
Conforme Don Juan de Marco vai contando sua história, vemos que ele vive num mundo “R” Rated inspirado nas histórias femininas onde os homens não só são viris, atléticos e sensuais como vivem histórias absurdas.
As histórias serviam apenas para atiçar a libido feminina, o que explica como o personagem as envolve tão facilmente. Ele é um arquétipo.
A questão levantada pelo filme é como esse arquétipo realmente funciona no mundo real e o quanto você se torna mais feliz ao abandonar a realidade opressiva e usar algum tipo de máscara.
Mascarado, ele está livre para se tornar quem quiser, até Don Juan de Marco.

Um filme arquetípico e Freudiano:
É interessante ver os diferentes subtextos e símbolos do filme, principalmente a máscara e as musas. Duas fantasias. A primeira para fugir da realidade e a segunda da verdadeira sexualidade.
Todo o romantismo e a beleza das histórias do personagem esconde casos de adultério e de rejeição.
Suas convicções são tão críveis e o efeito de sua passagem pelos ambientes é tão bom que nos esquecemos de que ele realmente precisa de ajuda e que quando finalmente recebe, vira uma pessoa cinza e tão sem graça quanto qualquer um de nós.
Um filme solar:
Toda a construção visual, as cores e o áudio nos passam a sensação de que estamos vendo um filme extremamente romântico e bonito, só que não. E essa é um mérito da equipe, sem ela, Jeremy Leven que escreveu e dirigiu o filme, nunca teria feito sua versão moderna do clássico personagem de Byron.
O filme usa nossos sentidos (menos olfato e paladar, claro) a seu favor para nos mostrar toda a intensidade de um sentimento tão puro e belo que contagia a todos que toca.
E consegue.

Conclusão:
Don Juan de Marco é uma fantasia romântica sobre um rapaz que incorpora o arquétipo de um dos maiores amantes do mundo. Além de Depp, o filme ainda contou com dois monstros sagrados do cinema americano: Marlon Brando e Faye Dunaway.
Brandon, que morreu pouco tempo depois, teve a chance de ser um apaixonado, um personagem diferente dos que marcaram sua longa carreira.
Como fez seu foi logo após
Como Johny Depp começou Don Juan de Marco pouco após Benny & Joon, ainda é possível ver elementos do Sam nesse novo personagem.
Depp é conhecido pelas caracterizações, o que começou nesses dois filmes.
Assista. Só assista.
Não é a toa que Don Juan de Marco é um dos 1001 filmes que todos precisam ver antes de morrer.
Don Juan de Marco:
1994 / 1h 40min / Comédia dramática, Romance
Direção: Jeremy Leven
Roteiro Jeremy Leven
Elenco: Marlon Brando, Johnny Depp, Faye Dunaway
SINOPSE
Um homem de 21 anos (Johnny Depp) dizendo ser o famoso amante Don Juan vai até Nova York para encontrar seu amor perdido, mas, sentindo que não alcançará seu objetivo, tenta se matar. Porém, um psiquiatra (Marlon Brando) consegue convencê-lo a mudar de idéia e começa a tratá-lo. Entretanto, o paciente possui um romantismo irrecuperável e contagioso, que começa a influenciar o comportamento do médico.